sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Voltei a sonhar

Me faltavam sonhos!
Voltei a sonhar.
Agora penso: - E as gavetas?
Tenho gavetas suficientes ?
Agora que são tantos planos...
Quem sabe improviso prateleiras? ...
E aí como organizar?
Aí, aí, aí! quanta ansiedade! Eu mal recomecei a sonhar.
Mal sei como segurar, me sinto com as mãos cheias.
Assim, não vai.
Pior do que não sonhar é derrubar.
Há vida! Eu acredito! Há vida para tantas gavetas.

Valéria Sales

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Como ser sensual ?

Quando estava na adolescência não tinha muita noção do meu corpo e tinha algumas referências na televisão e no colégio daquelas que mais chamavam atenção, em ambos os casos as belezas eram exuberantes. Fui crescendo salientando meus defeitos, sentindo que passava longe da perfeição. Eu que convivia comigo, me olhava no espelho e via vários exageros que não somavam em beleza. Essa minha imagem distorcida de mim mesma, mais do que isso, repressiva, me fez ser insegura em vários momentos da minha vida. Eu nunca me escolhi quando comparada a outras mulheres, porque eu sabia das minhas imperfeições.  
Quando deixei de me achar bonita ocupei minha mente com bons livros, com música, leitura em geral e acabei me tornando um pouco interessante, porém ainda insegura. Foi preciso crescer de verdade, para entender que minha sensualidade não estava em apenas alguns detalhes e para entender que beleza por si só nem é tão bela.
Crescendo e somando, até perceber que a sensualidade não é nada do que contam, não é nada do que vendem. Sensualidade não é barriga seca, nem pernas delineadas ou lingerie “P”. Sensualidade é ser envolvente, é ter um olhar tão misterioso que possa criar interrogações em muitas mentes, sensualidade é uma roupa bonita, mas principalmente o que veste a roupa.
Ser sensual é ser inteligente, é saber sorrir, é brincar com coisas “brincáveis”, ser sensual é deixar seu parceiro a vontade, sensualidade é cozinhar um jantar e amar depois, ser sensual é saber pedir uma pizza, sensual é amar.
Acima de qualquer coisa, ser sensual é ser criativa. É sensual quem demonstra desejo quando é inesperado, é sensual quem não tem medo de se mostrar. É sensual a boca, ou o olhar, ou a mão, ou qualquer coisa que seja sua característica, porque é SUA!  
Sem a mesma visão da adolescência, com um pouco mais de maturidade, arrisco dizer que a sensualidade é possível em todas as fases da vida. Fui sensual aos 15 (mesmo sem perceber), fui aos 20, sou aos vinte e poucos, cada uma dessas fases eu tinha um corpo que somava a um pensamento e mesmo que diferentes, de algum jeito tudo se encaixava.
Ser sensual não é ser bonita ou feia, é ser conjunto. E, ser sensual não é levar alguém para cama, é só um jeito de ser adorável, desejável, é um jeito de se gostar, o resto é consequência.
 Ser sensual é se sentir bem, é ter autoestima. E, se você tem esses atributos é possível ser sensual até os 90 anos. Para isso não precisa cirurgia plástica, renascimento ou nada do tipo (como já imaginei na adolescência), necessita apenas cuidar das coisas que você acha mais importantes em você.
Se você cuidar das coisas mais valiosas no seu “eu”, vai se sentir bem e encontrará pessoas que achem sensual o “todo” que você é.
Sem performances, sem artificialidade ou dissimulação, tão natural que não haja tanta distinção assim entre você e a sensualidade, mistura em “um só”. Assim como você tem um nariz, você pode ter sensualidade.
Os detalhes que a sensualidade pode vestir,  se descobrem com o tempo...
 Uma roupa para cada idade e fica dispensada a insegurança.  

domingo, 26 de janeiro de 2014

O que acrescenta?

O que acrescenta?

O que não diminui.
O que soma.
(Clichê!)
O que acrescenta seria o mesmo do que constrói.
Tijolos, então! Esses acrescentam, somam, não reduzem.
Tijolos são ocos, é vazio demais.
O que preenche, então?
Algodão!
Mas, é leve demais. Voa!
A Caneta, serve? A Caneta escreve e preenche a linha.
Mas, o papel! Ah! O papel, esse rasga.
A Música, ela ocupa a mente.
Mas, a Música dura pouco tempo e se permanecer por muito tempo sufoca.
O silêncio? O silêncio é cheio de ausência.
Mas, aí é deserto demais.
A Repetição, acrescenta?  
Não, não, não, não, não, não...
E a Memória?
Essa aí não dá nem para confiar, é menina travessa!
 E o Medo? Faz o que? Assusta!
E a Liberdade?
A Liberdade, nem ela mesmo é livre, quanto mais eu!
E o amor?
Ele que é oco, preenche, tem tinta, ocupa a mente e sufoca, é cheio de ausência, repete o tempo todo, faz lembrar tudo e nada, assusta, prende e liberta...

Só o Amor acrescenta.

Valéria Sales