domingo, 27 de julho de 2014

Do fim ao começo.

Enfim, todo final encerra.
Toda porta fechada indica que há outro lado.
Do lado de lá começa, do lado de cá termina.
Finalmente, uma questão de ponto de vista.

Comecei com um fim.
Pois, penso:  o que é o final para o poeta?
Quando seria o final da poesia?!

A história que falava de Amor contou o que queria.
Quando parou me faltou o amor.
Onde estará seu fim?
Eu que li não entendi, declamei e não estava ali.
Só o poeta deve saber!

Anda escondido o fim.
Camuflado atrás das palavras que precedem o ponto final.
Ponto final?! Aí está o segredo! É ele que indica!
Não! Não. Pois, o encontrei  andando solto em todo lugar.

Onde acaba a poesia?
Na morte da inspiração.
Quando acaba a tinta.
No espaço das teclas.
A poesia se quieta no silêncio.

O poeta morre por alguns instantes para a magia
E, assim acaba a poesia?
Os cenários deixam de ter encanto.
Sem beleza há alguma poesia?
A poesia suporta a falta de natureza?
A poesia comporta o fim.

O fim perfeito, já deve estar escrito.
Eu não consigo encontrar.
Tampouco, entendo qual a hora de acabar.

A única coisa que fez diferença nesta poesia é que acabo de começar.  

sábado, 26 de julho de 2014

Tais olhos


Você se foi, mas me deixou seus olhos.
Não acredito que olhos aqueçam, mas fiquei quente.
Os olhos que me viram no momento que podia ser invisível.
Os olhos que viram a poesia.
Você me sentiu como um repente:  palavras que ainda podiam ser ditas.
Seus olhos estão comigo, me agoniei para devolver.
Mas, logo, me senti protegida, me acalmei.
Abraçam-me aqueles olhos que me viram ao avesso.
Falam-me os olhos que percebem meus sorrisos.
Toca o meu corpo, alcança minhas sensações, tais olhos que conhecem minha essência.
Os olhos que leram o meu livro, em minhas mãos.
Somente por esses olhos eu sou imortal.
Lentes que percebem além da aparência, alcançam o inalcançável.
Olhos que cheiram, comem, dançam ...
Olhos ao pé da letra: apenas um e outro olho que juntos são dois e visualizam seus próprios cenários.
Apaixonantes!
Álbum de recordações que me emprestou sua própria vida para que eu vivesse.
Suas paisagens são minhas paisagens.
Você me emprestou sua arte.
Fiquei com seus olhos.
Enquanto você foi embora.
E o que foi com você no lugar dos seus olhos?
Se olhos não aquecem e eu continuo fervendo, qual seria a lógica?
Fui mais com você do que você pode perceber.
Somos, eu e você, as cores que somam nós dois.
Colorimos.
Foi, não foi embora.
Deixou, levou olhos.
Enxergou e conquistou o amor.
Devolvo tuas impressões,
Porque dependo das tuas interpretações para sonhar teus sonhos.
Seus olhos em minhas mãos, estou em você.
Nossos sonhos!
Você se foi, mas me deixou seus olhos.

 (Valéria Sales)